Escritora e pesquisadora Maria do Socorro Ricardoentrevista José Marques de Melo
José Marques de Melo (1943)
Li Tadeu Rocha, amigo de minha família, li o seu parente, Brenno Accioly, li Oscar Silva, de quem a minha tia, Estellita Alves de Melo Barros Farias, comprava de sua avó peças de flandres; e só depois de entrevistar José Marques de Melo, que prefere se assinar JMM, para descobri Santana do Ipanema berço de escritor best-seller. Seu livro “Comunicação Social: teoria e pesquisa”, Petrópolis: Vozes, 1970, com seis edições, chegou à casa dos 20.000 exemplares. Trata-se do primeiro no Brasil a se doutorar em Jornalismo; era o ano de 1973. Lamento as escolas em Santana do Ipanema não disporem de uma estante com títulos de todos os seus escritores. É mais fácil uma criança conhecer lendas urbanas sobre a famigerada história do cangaço – que pouco acrescenta, culturalmente – a ter conhecimento das obras literárias dos escritores de Santana do Ipanema, Alagoas, Sertão de gente séria e trabalhadora.
Se deseja descobrir mais sugiro JMM esta e outras páginas na web, sobre o meu entrevistado desta semana. Nesta e em outras páginas encontram-se novas ideias deste cientista das comunicações. José Marques de Melo é um jornalista comprometido com os ideais de Santana do Ipanema. Alagoas cresce impulsionada à inteligência de JMM. A juventude alfabetizada de Santana do Ipanema tem por dever e por amor à terra maternal adquirir os bons livros dos escritores santanenses. Ler os seus autores. A cidade se reflete em seus artistas, em seus intelectuais, em seus professores, em seus estadistas (ou políticos partidários), em seus religiosos, em seus formadores de opiniões (ocupando os senadinhos), em seus radialistas, em seus jornalistas, em seus escritores, em seus poetas.
Santana do Ipanema é terra de poetas, contistas, cronistas, dramaturgos, romancistas, contadores de histórias, biógrafos, cineastas, historiadores. Uma terra sertaneja de flora e fauna presente nas linhas dos livros de seus escritores cujos professores têm a obrigação de ler cada obra dos escritores santanenses e levá-la à sala de aula, debater com seus alunos e os seus colegas na sala dos professores. A cidade de Santana do Ipanema está viva e pulsante em páginas como estas, aqui, Maltanet, Sertão 24Horas, SantaNÃOxente, Alagoasnanet, além de blogs sobre a cidade e o seu povo, as suas festas e os seus costumes, sobre a sua história, as suas vitórias e as suas falhas. A biblioteca municipal de minha cidade tem a obrigação de recepcionar os seus visitantes apresentando-lhes os livros dos autores locais, indicar a biografia de cada um, criar uma galeria de fotos dos escritores santanenses para que a cidade não ignore os seus filhos ilustres. É papel da escola, do museu, da biblioteca identificar cada nome e cada história de seus escritores, afinal, Santana do Ipanema é Terra de Escritores.
Professor-Doutor em Comunicação, José Marques de Melo é jornalista desde fins da década de 1950 em Alagoas e Pernambuco. Correspondente, a princípio, como foram correspondentes dos jornais de Maceió os escritores santanenses Djalma de Melo Carvalho, Marcello Ricardo Almeida e outros, o palmeirense José Marques de Melo iniciou-se no ofício como jornalista do interior. Em 1964, na Universidade Católica de Pernambuco, JMM diplomou-se em Jornalismo. Um pesquisador da comunicação, do jornalismo, da notícia, dos fenômenos sociais. José Marques de Melo é nome em dezenas de coletâneas, além de seus livros; organiza, juntamente com Rossana Gaia, “Sertão Glocal: um mar de ideias às margens do Ipanema”, Maceió: EDUFAL, 2010. Quem participa desta obra-prima da literatura santanense? Em ordem alfabética, os convidados foram os escritores Aguinaldo Nepomuceno Marques, Ainda Bastos Marques, Djalma de Melo Carvalho, Edilma Acioli Bonfim, Enaura Quixabeira, José Gentil Malta Marques, José Geraldo Wanderley Marques, José Malta Fontes Neto, José Pinto de Araújo, Luís Sávio de Almeida, Luitgarde Cavalcanti Barros, Lúcia Nobre, Maikel Marques, Magnólia Rejane dos Santos, Marcello Ricardo Almeida, Marcos Marques Pestana, Maria do Socorro Ricardo, Virgílio Wanderely Nepomuceno Agra. Com “Sertão Glocal: um mar de ideias às margens do Ipanema”, Santana do Ipanema oferece informações sobre a diáspora santanense, as conquistas e as trilhas santanenses, o lugar epifânico na narrativa de Brenno Accioly, a trajetória mágico-poética de Zé Geraldo, os itinerários de Santana do Ipanema, as suas reminiscências, as convivências. Este título histórico “Sertão Glocal: um mar de ideias às margens do Ipanema” é um panorama literário da cidade.
Neste livro, “Sertão Glocal: um mar de ideias às margens do Ipanema”, eu escrevi sobre “Tipos Populares que Povoam às Margens do Ipanema”. Este texto é um olhar sobre o fantástico e o extraordinário em minha terra maternal, nesta narrativa dialogo com um tempo que, talvez, o tempo o tenha substituído por uma outra Santana do Ipanema, pois falo de um tempo pré-televisão, pré-internet. Em “Tipos Populares que Povoam às Margens do Ipanema”, o rio Ipanema é a personagem que se divide em outras personagens. A cidade está de parabéns ao ser lida nas páginas deste livro, e os fenômenos urbanos santanenses se oxigenam e Santana do Ipanema cresce em “Sertão Glocal: um mar de ideias às margens do Ipanema”, por iniciativa de JMM. Em minha conversa com José Marques de Melo:
1. Quando você escreveu o primeiro texto e disse a si mesmo: “Esse merece ser publicado”?
JMM – Meus primeiros textos eram de natureza jornalística, situando-se, portanto, na categoria “literatura sob pressão”. Logo, o autor não tem escolha entre a qualidade estética e a hora do fechamento. Muitos textos, que os publiquei em jornais ou revistas, eu gostaria de ter burilado melhor. Mas, não me arrependo de suas fragilidades literárias, porque cumpri minha responsabilidade de manter leitores bem informados. Mais importante do que a gratificação artística é a empatia com o interlocutor. No campo do ensaio acadêmico, produzi várias peças, antes de publicar um livro. Quando achei que eram razoáveis, eu as reuni em meu livro de estreia “Comunicação Social: teoria e pesquisa”, Petrópolis: Vozes, 1970. Felizmente consegui estabelecer sintonia com as aspirações dos leitores, o que motivou sua reedição sucessiva. Trata-se do primeiro best seller brasileiro do campo comunicacional; tendo vendido 20.000 exemplares em 6 edições.
2. Há um livro que não poderá deixar de ser lido nunca, qual e por quê?
JMM – Há muitos livros que não podem deixar de ser sidos. Mas como devo indicar apenas um, destacaria Raízes do Brasil, clássico escrito por Sergio Buarque de Holanda.
3. Qual o papel do escritor em Santana do Ipanema?
JMM – Narrar o que observa na comunidade e interpretar o que vivencia cotidianamente.
4. Com quais palavras você definiria você?
JMM – Observador atento, leitor voraz, ouvinte seletivo e narrador responsável.
5. Alagoas sempre se orgulhou do seu nome no cenário literário mundial. Hoje se vislumbram novos talentos com a força dos antigos?
JMM – Alagoas é uma terra contraditória. Orgulha-se de seus valores, mas só valoriza quem foi reconhecido fora. Aqueles que lá permanecem lutam com tenacidade para ter um lugar ao sol. Mas existem exceções, como foi o caso de Theo Brandão. Também existem novos talentos, com a força dos antigos. Só espero que, mudadas as circunstâncias, eles não tenham de migrar para triunfar.
6. Eu publiquei que Santana é Terra de Escritores. Quais sugestões você apontaria aos novos escritores santanenses?
JMM – Eu lamento que os escritores santanenses não sejam lidos pelos seus conterrâneos. Por isso concito as novas gerações a trabalhar pela formação de novos leitores. Pois o escritor sem leitores perde o sentido do oficio.
7. É verdade que os alunos das escolas santanenses estudam a literatura dos escritores de Santana do Ipanema?
JMM – Confesso que se trata de uma boa notícia. O que temo é a carência de textos disponíveis. Pois se tomarmos como referência os 3 principais escritores da cidade – Breno, Oscar e Tadeu – vamos observar que suas obras estão esgotadas e portanto fora de circulação. Hoje há muita facilidade para publicar na internet, mas sem garantia do controle de qualidade.
8. Os livreiros, editores, bibliotecas e escolas do ensino básico veem o livro de quais maneiras?
JMM – Os livreiros e editores, como uma mercadoria. Os bibliotecários e os educadores, como fontes de conhecimento. O que faz falta é a interação entre os dois grupos, pois o livro publicado em baixas tiragens tem um preço que inviabiliza seu uso na escola.
9. A cidade poderia recepcionar os visitantes com placas com nomes dos escritores e ruas e praças que os homenageassem?
JMM – Homenagem mais significativa seria a reedição das obras desses escritores e sua distribuição em toda a rede escolar.
10. Em Santana do Ipanema os poderes Executivo e Legislativo têm compromissos com artistas locais?
JMM – Acredito que sim. Mas como estou fora da comunidade há 50 anos, dou a palavra aos artistas que lá vivem e criam.
11. Há uma resistência histórica da mídia em publicar os textos dos poetas e escritores. Santana participa desta mesma resistência ou programas radiofônicos leem poesias, crônicas e contos de seus escritores durante a programação?
JMM – Respondo por experiência própria. Nunca encontrei resistências.
12. Como os escritores devem ser lembrados?
JMM – Pela qualidade das suas obras e pela empatia estabelecida com os leitores potenciais.
13. Uma academia de letras não existe apenas para os seus participantes; geralmente, as academias de letras são fundadas para divulgação da literatura, para fazerem os escritores chegarem nas mãos do povo. Quais são as preocupações políticas da agremiação literária da qual você faz parte?
JMM – Confesso minha pouca familiaridade com as academias de letras.
14. Alguns escritores ficam em um único livro; outros passam a vida fazendo os seus livros. Como você avalia o fazer livros?
JMM – Cada escritor tem seu estilo e sua maneira de encarar o ofício. É difícil julgar sem conhecer as circunstâncias.
15. Quais os livros que você relê?
JMM – Tenho sempre uma pilha de livros que gostaria de reler, mas não acho tempo. Agora, por exemplo, estou pesquisando a diáspora intelectual santanense, sendo imprescindível reler a obra dos nossos pioneiros – Valdemar Lima, Tadeu Rocha, Oscar Silva e Breno Accioly.
16. Quais os critérios de escolha aos co-autores de "Sertão Glocal" organizado por você e Rossana Gaia?
JMM – Convoquei todos aqueles que formam a nossa diáspora e são capazes de trazer contribuição relevante, mas nem todos se habilitaram.
17. É verdade que você levará para Santana do Ipanema uma Faculdade de Jornalismo?
JMM – Desconheço esse projeto, pois o pólo da UFAL em Santana focaliza o campo dos negócios. Mas se houver interesse da comunidade e apoio dos poderes públicos, terei satisfação em orientar.
18. Se os poderes públicos e privados santanenses lhe convidassem para criação de um museu na cidade, em qual área mereceria ser reverenciada a memória?
JMM – A ênfase deve recair sobre a cultura popular, rica, criativa e surpreendente.
Li Tadeu Rocha, amigo de minha família, li o seu parente, Brenno Accioly, li Oscar Silva, de quem a minha tia, Estellita Alves de Melo Barros Farias, comprava de sua avó peças de flandres; e só depois de entrevistar José Marques de Melo, que prefere se assinar JMM, para descobri Santana do Ipanema berço de escritor best-seller. Seu livro “Comunicação Social: teoria e pesquisa”, Petrópolis: Vozes, 1970, com seis edições, chegou à casa dos 20.000 exemplares. Trata-se do primeiro no Brasil a se doutorar em Jornalismo; era o ano de 1973. Lamento as escolas em Santana do Ipanema não disporem de uma estante com títulos de todos os seus escritores. É mais fácil uma criança conhecer lendas urbanas sobre a famigerada história do cangaço – que pouco acrescenta, culturalmente – a ter conhecimento das obras literárias dos escritores de Santana do Ipanema, Alagoas, Sertão de gente séria e trabalhadora.
Se deseja descobrir mais sugiro JMM esta e outras páginas na web, sobre o meu entrevistado desta semana. Nesta e em outras páginas encontram-se novas ideias deste cientista das comunicações. José Marques de Melo é um jornalista comprometido com os ideais de Santana do Ipanema. Alagoas cresce impulsionada à inteligência de JMM. A juventude alfabetizada de Santana do Ipanema tem por dever e por amor à terra maternal adquirir os bons livros dos escritores santanenses. Ler os seus autores. A cidade se reflete em seus artistas, em seus intelectuais, em seus professores, em seus estadistas (ou políticos partidários), em seus religiosos, em seus formadores de opiniões (ocupando os senadinhos), em seus radialistas, em seus jornalistas, em seus escritores, em seus poetas.
Santana do Ipanema é terra de poetas, contistas, cronistas, dramaturgos, romancistas, contadores de histórias, biógrafos, cineastas, historiadores. Uma terra sertaneja de flora e fauna presente nas linhas dos livros de seus escritores cujos professores têm a obrigação de ler cada obra dos escritores santanenses e levá-la à sala de aula, debater com seus alunos e os seus colegas na sala dos professores. A cidade de Santana do Ipanema está viva e pulsante em páginas como estas, aqui, Maltanet, Sertão 24Horas, SantaNÃOxente, Alagoasnanet, além de blogs sobre a cidade e o seu povo, as suas festas e os seus costumes, sobre a sua história, as suas vitórias e as suas falhas. A biblioteca municipal de minha cidade tem a obrigação de recepcionar os seus visitantes apresentando-lhes os livros dos autores locais, indicar a biografia de cada um, criar uma galeria de fotos dos escritores santanenses para que a cidade não ignore os seus filhos ilustres. É papel da escola, do museu, da biblioteca identificar cada nome e cada história de seus escritores, afinal, Santana do Ipanema é Terra de Escritores.
Professor-Doutor em Comunicação, José Marques de Melo é jornalista desde fins da década de 1950 em Alagoas e Pernambuco. Correspondente, a princípio, como foram correspondentes dos jornais de Maceió os escritores santanenses Djalma de Melo Carvalho, Marcello Ricardo Almeida e outros, o palmeirense José Marques de Melo iniciou-se no ofício como jornalista do interior. Em 1964, na Universidade Católica de Pernambuco, JMM diplomou-se em Jornalismo. Um pesquisador da comunicação, do jornalismo, da notícia, dos fenômenos sociais. José Marques de Melo é nome em dezenas de coletâneas, além de seus livros; organiza, juntamente com Rossana Gaia, “Sertão Glocal: um mar de ideias às margens do Ipanema”, Maceió: EDUFAL, 2010. Quem participa desta obra-prima da literatura santanense? Em ordem alfabética, os convidados foram os escritores Aguinaldo Nepomuceno Marques, Ainda Bastos Marques, Djalma de Melo Carvalho, Edilma Acioli Bonfim, Enaura Quixabeira, José Gentil Malta Marques, José Geraldo Wanderley Marques, José Malta Fontes Neto, José Pinto de Araújo, Luís Sávio de Almeida, Luitgarde Cavalcanti Barros, Lúcia Nobre, Maikel Marques, Magnólia Rejane dos Santos, Marcello Ricardo Almeida, Marcos Marques Pestana, Maria do Socorro Ricardo, Virgílio Wanderely Nepomuceno Agra. Com “Sertão Glocal: um mar de ideias às margens do Ipanema”, Santana do Ipanema oferece informações sobre a diáspora santanense, as conquistas e as trilhas santanenses, o lugar epifânico na narrativa de Brenno Accioly, a trajetória mágico-poética de Zé Geraldo, os itinerários de Santana do Ipanema, as suas reminiscências, as convivências. Este título histórico “Sertão Glocal: um mar de ideias às margens do Ipanema” é um panorama literário da cidade.
Neste livro, “Sertão Glocal: um mar de ideias às margens do Ipanema”, eu escrevi sobre “Tipos Populares que Povoam às Margens do Ipanema”. Este texto é um olhar sobre o fantástico e o extraordinário em minha terra maternal, nesta narrativa dialogo com um tempo que, talvez, o tempo o tenha substituído por uma outra Santana do Ipanema, pois falo de um tempo pré-televisão, pré-internet. Em “Tipos Populares que Povoam às Margens do Ipanema”, o rio Ipanema é a personagem que se divide em outras personagens. A cidade está de parabéns ao ser lida nas páginas deste livro, e os fenômenos urbanos santanenses se oxigenam e Santana do Ipanema cresce em “Sertão Glocal: um mar de ideias às margens do Ipanema”, por iniciativa de JMM. Em minha conversa com José Marques de Melo:
1. Quando você escreveu o primeiro texto e disse a si mesmo: “Esse merece ser publicado”?
JMM – Meus primeiros textos eram de natureza jornalística, situando-se, portanto, na categoria “literatura sob pressão”. Logo, o autor não tem escolha entre a qualidade estética e a hora do fechamento. Muitos textos, que os publiquei em jornais ou revistas, eu gostaria de ter burilado melhor. Mas, não me arrependo de suas fragilidades literárias, porque cumpri minha responsabilidade de manter leitores bem informados. Mais importante do que a gratificação artística é a empatia com o interlocutor. No campo do ensaio acadêmico, produzi várias peças, antes de publicar um livro. Quando achei que eram razoáveis, eu as reuni em meu livro de estreia “Comunicação Social: teoria e pesquisa”, Petrópolis: Vozes, 1970. Felizmente consegui estabelecer sintonia com as aspirações dos leitores, o que motivou sua reedição sucessiva. Trata-se do primeiro best seller brasileiro do campo comunicacional; tendo vendido 20.000 exemplares em 6 edições.
2. Há um livro que não poderá deixar de ser lido nunca, qual e por quê?
JMM – Há muitos livros que não podem deixar de ser sidos. Mas como devo indicar apenas um, destacaria Raízes do Brasil, clássico escrito por Sergio Buarque de Holanda.
3. Qual o papel do escritor em Santana do Ipanema?
JMM – Narrar o que observa na comunidade e interpretar o que vivencia cotidianamente.
4. Com quais palavras você definiria você?
JMM – Observador atento, leitor voraz, ouvinte seletivo e narrador responsável.
5. Alagoas sempre se orgulhou do seu nome no cenário literário mundial. Hoje se vislumbram novos talentos com a força dos antigos?
JMM – Alagoas é uma terra contraditória. Orgulha-se de seus valores, mas só valoriza quem foi reconhecido fora. Aqueles que lá permanecem lutam com tenacidade para ter um lugar ao sol. Mas existem exceções, como foi o caso de Theo Brandão. Também existem novos talentos, com a força dos antigos. Só espero que, mudadas as circunstâncias, eles não tenham de migrar para triunfar.
6. Eu publiquei que Santana é Terra de Escritores. Quais sugestões você apontaria aos novos escritores santanenses?
JMM – Eu lamento que os escritores santanenses não sejam lidos pelos seus conterrâneos. Por isso concito as novas gerações a trabalhar pela formação de novos leitores. Pois o escritor sem leitores perde o sentido do oficio.
7. É verdade que os alunos das escolas santanenses estudam a literatura dos escritores de Santana do Ipanema?
JMM – Confesso que se trata de uma boa notícia. O que temo é a carência de textos disponíveis. Pois se tomarmos como referência os 3 principais escritores da cidade – Breno, Oscar e Tadeu – vamos observar que suas obras estão esgotadas e portanto fora de circulação. Hoje há muita facilidade para publicar na internet, mas sem garantia do controle de qualidade.
8. Os livreiros, editores, bibliotecas e escolas do ensino básico veem o livro de quais maneiras?
JMM – Os livreiros e editores, como uma mercadoria. Os bibliotecários e os educadores, como fontes de conhecimento. O que faz falta é a interação entre os dois grupos, pois o livro publicado em baixas tiragens tem um preço que inviabiliza seu uso na escola.
9. A cidade poderia recepcionar os visitantes com placas com nomes dos escritores e ruas e praças que os homenageassem?
JMM – Homenagem mais significativa seria a reedição das obras desses escritores e sua distribuição em toda a rede escolar.
10. Em Santana do Ipanema os poderes Executivo e Legislativo têm compromissos com artistas locais?
JMM – Acredito que sim. Mas como estou fora da comunidade há 50 anos, dou a palavra aos artistas que lá vivem e criam.
11. Há uma resistência histórica da mídia em publicar os textos dos poetas e escritores. Santana participa desta mesma resistência ou programas radiofônicos leem poesias, crônicas e contos de seus escritores durante a programação?
JMM – Respondo por experiência própria. Nunca encontrei resistências.
12. Como os escritores devem ser lembrados?
JMM – Pela qualidade das suas obras e pela empatia estabelecida com os leitores potenciais.
13. Uma academia de letras não existe apenas para os seus participantes; geralmente, as academias de letras são fundadas para divulgação da literatura, para fazerem os escritores chegarem nas mãos do povo. Quais são as preocupações políticas da agremiação literária da qual você faz parte?
JMM – Confesso minha pouca familiaridade com as academias de letras.
14. Alguns escritores ficam em um único livro; outros passam a vida fazendo os seus livros. Como você avalia o fazer livros?
JMM – Cada escritor tem seu estilo e sua maneira de encarar o ofício. É difícil julgar sem conhecer as circunstâncias.
15. Quais os livros que você relê?
JMM – Tenho sempre uma pilha de livros que gostaria de reler, mas não acho tempo. Agora, por exemplo, estou pesquisando a diáspora intelectual santanense, sendo imprescindível reler a obra dos nossos pioneiros – Valdemar Lima, Tadeu Rocha, Oscar Silva e Breno Accioly.
16. Quais os critérios de escolha aos co-autores de "Sertão Glocal" organizado por você e Rossana Gaia?
JMM – Convoquei todos aqueles que formam a nossa diáspora e são capazes de trazer contribuição relevante, mas nem todos se habilitaram.
17. É verdade que você levará para Santana do Ipanema uma Faculdade de Jornalismo?
JMM – Desconheço esse projeto, pois o pólo da UFAL em Santana focaliza o campo dos negócios. Mas se houver interesse da comunidade e apoio dos poderes públicos, terei satisfação em orientar.
18. Se os poderes públicos e privados santanenses lhe convidassem para criação de um museu na cidade, em qual área mereceria ser reverenciada a memória?
JMM – A ênfase deve recair sobre a cultura popular, rica, criativa e surpreendente.