Casa do Poeta Marcello Ricardo Almeida


Exposto no Museu dos Novos "O Mar", de 1978, medindo 2,10 x 2,70 cm, pintado em Massagueira, óleo sobre tela do artista santanense Marcello Ricardo Almeida.


Exposto no Museu dos Novos "O Garrafão de Steinhäger", de 1977, medindo 2,10 x 2,70 cm, óleo sobre tela do artista santanense Marcello Ricardo Almeida.


casa onde nasceu o poeta Marcello Ricardo Almeida
casa onde nasceu o poeta marcello ricardo almeida


A QUASE-FÁBULA DO POETA
MARCELLO RICARDO ALMEIDA

O pintor com pincel

pra cima e pra baixo,
lambendo a parede
pra cima e pra baixo,

escondendo o reboco
pra cima e pra baixo,
pintando a casa
pra cima e pra baixo.

Pintando a rua
pra cima e pra baixo,
pintando a cidade
igual um ioiô.

Com dez mil baldes de
tinta pintando o amor,
pintando a estrada,
carregando a escada

pra cima e pra baixo,
Iaiá, vai o Seu Ioiô.
Dona Iaiá, se a escada falasse,
se os baldes de tinta falassem,

se o pincel falasse,
se a estrada falasse.
Mas a escada não fala,
não falam os baldes em vão.

Debalde e embalde se espera
Do pincel a fala. E a estrada
E o dia são i-n-f-i-n-d-á-v-e-i-s.
Findável é o salário do pintor.


LENDO OUTROS POEMAS DA POESIA PRÉ-SILÁBICA


O poeta Marcello Ricardo Almeida criou a poesia pré-silábica, que tem como conceito o desenho das palavras e a palavra deixa de ser palavra para assumir a forma de poesia, durante a década de 1970, em Santana do Ipanema, Alagoas. As letras são apenas letras e por si só não querem dizer nada até serem transformadas em poemas. As letras e as palavras são sinais para expressarem poesia como uma aventura ao mundo pré-silábico nesta nave mágica da poesia de Marcello Ricardo Almeida. As letras, que se relacionam com o som da fala, transformam-se em poesia. O mundo se alfabetiza com poemas com suas falas e variáveis representações poéticas; a territorialidade semântica da poesia é o que dá forma e função ao mundo.